Reconsiderar a instabilidade:
Desequilíbrios entre poderes nativos e o colapso do estado em Guiné-Bissau
DOI:
https://doi.org/10.33167/2184-0644.cpp2022.8.1.6Palavras-chave:
Instabilidade política, Africanização do poder, Guiné-Bissau, Etnicização da política, Estado disfuncionalResumo
As premissas deste artigo surgem do entendimento de crise política e recorrente instabilidade como resultantes do processo de africanização do poder. Pretendo aqui discernir esta ideia em relação à GuinéBissau. Desde 1994, este estado da África Ocidental passou por contínua instabilidade política. Até à data, a análise política indica que a lógica subjacente às diversas crises políticas guineenses depende de etnicização do poder e Estado disfuncional. O primeiro deve-se, em larga parte, ao papel desempenhado pelo grupo étnico Balanta. Muitos danos foram infligidos aos Balanta no passado; contudo o grupo conseguiu apropria-se do poder através do domínio das forças militares. O segundo fenómeno prende-se na identificação duma classe política escassamente preparada para o cargo, mas empenhada na apropriação indébita de poder e recursos, constituindo as bases do falhanço do Estado e das suas instituições. Sem desconsiderar as hipóteses citadas, argumento que a lógica subjacente às crises políticas na Guiné-Bissau é adicionalmente relacionada com a africanização do poder. Este é um fenómeno ambivalente e bidirecional, no qual o Estado influencia os poderes políticos autóctones e vice-versa. Este artigo identifica como estes poderes políticos diferem nas suas configurações como entidade política, assim como nas políticas aplicadas, diferenciação que leva à manutenção de comportamentos políticos discrepantes nos seus sujeitos políticos.
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