Cuidar de idosos não autossuficientes na Itália:
de um sistema famílístico ao modelo de trabalhador corresidente imigrante
DOI:
https://doi.org/10.33167/2184-0644.CPP2020.VVIN2/pp.149-168Palavras-chave:
Pessoas idosas, políticas sociais, familialismo, mulheres imigrantes, modelos de cuidados informais.Resumo
O objetivo do artigo é descrever as especificidades do fenómeno do envelhecimento em Itália e as políticas sociais para pessoas idosas dependentes, destacando a mudança de um sistema em que o apoio a pessoas idosas era prestado essencialmente por familiares, para um modelo em que o apoio é assegurado por pessoas imigrantes, que em muitos casos passam a residir no domicílio destes idosos, e as contradições que este novo modelo encerra. Apesar de em Itália a percentagem de pessoas idosas ser a mais elevada da Europa, é possível constatar que as políticas sociais de apoio à população idosa são limitadas, quer no que diz respeito a serviços de apoio domiciliário quer na atribuição de subsídios. Simultaneamente, em Itália, o aumento da população idosa tem estado interligado com vários fatores, nomeadamente a mudança nas estruturas familiares, uma maior integração da mulher no mercado de trabalho, a menor capacidade das famílias para cuidar dos seus familiares dependentes e a melhoria das condições económicas das pessoas idosas. Devido a estas mudanças, nas últimas duas décadas foi estabelecido um novo modelo de cuidados assente na contratação de cuidadores em permanência no domicílio, geralmente mulheres imigrantes, as chamadas “badanti” que são contratadas pelos cuidadores informais e seus familiares. Este modelo levou tanto os cuidadores como as pessoas idosas a vivenciar uma dupla dependência e uma dupla solidão, que põe em causa a sustentabilidade desta solução e a natureza familiar do sistema. O documento apresenta dados demográficos e económicos de fontes institucionais, o enquadramento jurídico das políticas sociais, e por último, dados de vários estudos sobre a população imigrante.
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